quarta-feira, 28 de março de 2012

Amante muito louca

Filme de 1973, de Denoy de Oliveira, conta a história de uma vedete de teatro de revista que tem um caso com um homem casado (Claudio Corrêa e Castro)e, quando este decide ir para a praia com sua família, se revolta e decide ir também, armando um grande caos. Tereza Rachel ganhou o prêmio do Festival de Gramado de melhor atriz do ano por sua atuação como Brigite,a Louca. Este trecho mostra uma micro cena do filme.



INFÂNCIA - fotos

Terezinha Brandwain, passou a infância entre Nilópolis e o Rio de Janeiro. Seu pai era comerciante e sua mãe, modista. Nestas fotos ela aparece com a mãe, Leonor; também com os pais e a irmã e amigos em frente a sua casa; e numa festinha de carnaval.Quando criança sofria de bronquite asmática, o que fazia com que seus pais se mudassem em busca de um clima ideal a sua saúde. Tereza tem uma irmã cinco anos mais velha. Sua mãe tinha um atelier de costura com algumas empregadas e vendia roupas elegantes, mas morreu aos quarenta anos, quando a filha tinha dez anos de idade. Seu pai caiu numa profunda depressão e a irmã mais velha passou a cuidar de Tereza.





Uma atriz visceral



Tereza Rachel (nascida Terezinha Brandwain, numa comunidade judaica em Nilópolis, Rio de Janeiro; filha de pais poloneses) tem sem dúvidas uma das carreiras mais significativas entre as atrizes brasileiras no século XX. Entre seus prêmios conquistados estão o Saci, o Molière, o ABCT, o Candango, Coruja de Ouro, o Kikito. Atuou em montagens históricas como Liberdade, Liberdade, de Millôr Fernandes e Flávio Rangel (1965); O Balcão, de Jean Genet, dirigido por Victor Garcia em 1969, no Teatro Ruth Escobar; a primeira encenação de Bonitinha mas Ordinária, de Nelson Rodrigues (produção sua, em 1962); Édipo Rei (como a Jocasta de Paulo Autran, em 1967); A Mãe, de Stanislaw Witkiewicz (1971); Tango, de Slawomir Mrozek (sendo considerada por este espetáculo a produtora mais corajosa do Rio de Janeiro, ao trazer ao Brasil, pelas segunda vez, um texto de vanguarda da dramaturgia polonesa). Passou pelo TBC, pela Companhia Tonia-Celi-Autran, pelo TNC, pelo Grupo Opinião. Como produtora, articulou a vinda de diretores de vanguarda europeus para o Brasil (como Jorge Lavelli e Claude Regy), investiu em montagens originais. Fundou e administrou o Teatro Tereza Rachel, o qual durante mais de vinte anos abrigou espetáculos e shows históricos (como os de Gal Costa, Caetano Veloso, o último de Dalva de Oliveira), tornando-se um pólo cultural no Rio de Janeiro.
Tereza é conhecida ainda por sua habilidade como atriz trágica e já foi dito que tem a voz feminina mais bela do teatro brasileiro. Formou-se na Escola Martins Pena, sob a regência de Renato Vianna. Foi aluna de Henriette Morineau e estudou no Teatro Duse de Paschoal Carlos Magno, com quem seguiu numa caravana de estudos pela Europa, patrocinada por Assis Chateaubriand. Em Roma, participou de aula ministrada por Federico Fellini; em Paris, representou o Brasil na Noite Mundial do Teatro, onde declamou poesia brasileira e obteve críticas muito elogiosas. Em televisão faz participações ocasionais, mas obteve destaque em papéis marcantes, especialmente com suas vilãs, e como a rainha Valentine em Que Rei Sou Eu?, numa interpretação diferenciada e memorável que valeu alguns prêmios.
Entre seus espetáculos figuram ainda Os fuzis da senhora Carrar, Gata em telhado de zinco quente, Senhorita Júlia, O inimigo do povo, Um bonde chamado desejo, Fedra, Antígona, Boca de Ouro, o interditado na estréia Berço do Herói, para citar alguns.

Millôr Fernandes, autor de Liberdade Liberdade, assim apresenta a atriz em seu livro Apresentações:

“(...)posso dizer que assisti, sempre com agrado, algumas vezes com emoção, outras com insuperável admiração, mais de uma dezena de trabalhos de Tereza Rachel nesses 40 anos em que exerceu o comportado ofício do teatro, aliás o mais disciplinado que conheço.”
“(...)Fato de fundamental importância e nunca citado na vida (acima da carreira) da atriz é ela ter aceitado, num momento em que isso requeria não pequena coragem, representar, com Paulo Autran, Nara Leão e Vianinha, a peça Liberdade, Liberdade. Não por acaso escrita e dirigida por Flávio Rangel. E, por acaso, coadjuvada por mim.”
* FERNANDES, Millôr. Apresentações. Rio de Janeiro: Record, 2004.

Para Paulo Autran, colega da atriz em diversos trabalhos, entre eles Édipo Rei:
“Tereza é uma das poucas atrizes que tem o dom da tragédia.”
*entrevista ao Grupo Magno de Teatro (www.colmagno.com.br/teatromagno/paulo_autran.htm)

A crítica Maria Teresa Amaral assim define seu estilo:
"Teresa é um fenômeno - sempre a melhor nos espetáculos que participa. (...) Passa com limpeza e perfeição os sinais imprescindíveis à compreensão. Prática, econômica. Pesquisa estereótipo (...) para controlar a linguagem, permitindo uma troca precisa entre público e ator. (...) É didática. Usa emoção e inteligência para movimentar um referencial comum a muitos. Dosa informação e redundância com arte meio doméstica, mas de cozinheira exímia".
*AMARAL, Maria Teresa. Mais respeito com a Senhorita. Última Hora, Rio de Janeiro, 19 nov. 1981.

Tereza Rachel, ao longo de sua carreira, foi dirigida por nomes como Adolfo Celi, José Renato, Antonio Abujamra, Paulo Francis, Paulo José, Sergio Britto, Maurice Vaneau, Amir Haddad. Seu trabalho como atriz e produtora trouxe contribuições muito valiosas a historia do teatro brasileiro.